escrito poético.


 MARIA FUMAÇA.

Ao primeiro apito do trem, que sai junto à baforada de fumaça esbranquiçada e cheiro acentuado de querosene, inicia a melodia.
Que som é este, que nos leva para não sei qual lugar com tanta familiaridade e harmonia, aconchego e veemência?! Uma sinfonia entre montanhas e recordações de simplicidades de outrora. O apito como um trompete, o sino, e então... os primeiros ‘passos’ sobre o trilho. É o som melódico e ritmado que anuncia a hora dessa saída por trilho e trilha.
É de hábito as pessoas, principalmente as crianças (mas, não somente), darem ‘tchau’ com as mãos, braços e os sorrisos, por onde a Maria Fumaça passa. Os cães também o fazem, à sua maneira, com latidos agitados, corridas e rabos remexendo. Os cavalos ‘caipiras’ e borboletas coloridas também oferecem suas cortesias. Estes acenos alegres e íntimos de instantes, parecem ser verdadeiramente para o trem que passa, e não propriamente aos seus hóspedes temporários. É a Maria Fumaça que vai e vem a cada dia em hora e lugar marcados, entrando pelas beiras de quintais e passeios de casas.
E ela segue em seu embalo carinhoso, de alguém que gosta de quem transporta dentro de si, que se afeiçoa a quem a ver ir e vir todos os dias. 

gmf.

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